- Desculpa o transtorno.
Ouvi a voz dele ressoar em minha alma
enquanto fechava a porta do apartamento e sumia da minha vida. Meus pés
fincados ao chão, joelhos tremendo, mãos cerradas em pura fúria... não, não
fúria. Em puro desespero. Ele saia mais uma vez por aquela porta e dessa vez eu
tinha a plena certeza que não voltaria.
Paramore tocava ao fundo, deixei o som
ligado sem querer. Ao som de “We Are Broken” eu tive a absoluta certeza que o
perderia, e me perderia, e o deixaria escapar por entre os dedos. Eu estava
quebrado. Meu melhor fragmento corria de mim. Ele dizia e as palavras ainda
ressoavam: “desculpa o transtorno”.
Quando o tirei de minha vida? Quando
permiti que minha rotina o expulsasse dali? Tornei-me só, antes mesmo de sermos
nós dois. Nunca estive pronto para assumi-lo para mim, para os meus pais, para
o meu mundo. E agora, olhando a porta fechada, soube que existia mais que um
abismo entre nós dois: existia um eu.
Toquei a maçaneta. Ensaiei abri-la,
correr, gritar, empurra-lo contra a parede e dar-lhe motivos para ficar,
puxá-lo contra mim e beija-lo até que se convencesse que estávamos bem. Até que
eu me convencesse disso.
Eu sabia que o amava. Sabia que ainda
tinha chance de alcança-lo, que tudo o que precisava fazer era aceita-lo e me
aceitar. E ainda assim, sabendo tanta coisa, não compreendia como esse conto
deveria acabar.
"Toquei a maçaneta. Ensaiei abri-la, correr, gritar, empurra-lo contra a parede e dar-lhe motivos para ficar, puxá-lo contra mim e beija-lo até que se convencesse que estávamos bem."
ResponderExcluirDesejos que a alma as vezes grita!
Adorei o conto.
que bom sah <3 fico tão feliz com isso, tu nem imagina *-*
Excluire sim! são desejos que as vezes a gente tem que seguir, ou sufoca... mas quis deixar em aberto pra esse personagem, pra cada um dar seu próprio desdobramento
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