sexta-feira, 15 de julho de 2016

Quando surge o amor?



   Existe uma crença meio recorrente de que amor surge quando menos esperamos, quando decidimos não amar, quando optamos por cuidar de nossas próprias vidas e nos deixarmos levar pela maré. Mas espera aí, o destino seria tão implacável assim que nos colocaria a pessoa perfeita enquanto não estamos dispostos em encontra-la?
          Todas as vezes que comecei a amar foi algo intenso, de primeiro olhar, aquela sensação morna no peito que com o tempo começa a virar brasa ardente e afogueia o rosto. Nunca estava realmente esperando, com hora marcada para o amor, mas estava disposto, se viesse e quando viesse seria bem vindo, tanto é que quando veio aceitei, lutei por ele, fiz com que crescesse e se tornasse algo maior e melhor, mesmo que não durasse eternamente.
         Gosto da esperança que contos de fadas nos passam, mas detesto a crença fanática, quase cega, que tendemos a seguir. A busca pelo príncipe encantado, ou mais atualmente pela pessoa que irá romper nossas barreiras, nossas muralhas. Sabe, é cruel projetar no outro a missão de nos desbravar, quando na realidade o amor é um desbravamento mútuo, plural, são várias unidades que se colaboram.
            A metáfora é a seguinte: pra que raios esperar por alguém que escale as muralhas do castelo e te rapte mundo a fora, se você tem a capacidade de abrir a ponte e permitir o encontro? Sei que é bonito ver o outro lutar pelo nosso amor, mas também é bonito para o outro nos ver lutar, nos observar caminhar até ele ou ela enquanto nos trazem um buquê.
           O amor surge da reciprocidade. Então, se quer amar, não siga a maré do “minhas defesas estarão levantadas até que surja alguém capaz de rompe-las”, deixa acontecer, aceita que acontece, e aproveita as oportunidades. Uma hora surge... E aí você pode compartilhar a felicidade que já tem. Lembre-se sempre, queridas e queridos, amor é compartilhar, não exigir do outro que nos tornem felizes, ta bem? Ta bem.

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