segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Talvez o amor seja um tipo de comida. 1

Capítulo I. Quem sabe não é macarrão.


        Era noite de ano novo. 2015 para 2016. Estava esgotado daquele ano, cansado da quantidade enorme de problemas que tive que enfrentar. Andava por uma praia cheia de gente, com seus champanhes e cervejas, e perus e simpatias. Se fosse proporcional ao caos do ano anterior eu deveria pular pelo menos 700 ondas... Ou mais. Sentei num canto mais afastado observando todo mundo gritar e cantar e esperar dar meia noite.
        Suspirei. Tirei a carta que guardava com desprezo no bolso da calça. Observei as letras garranchadas e que muito diretamente me falavam: você não sabe amar. O que era amor? Quando eu fazia macarronada, eu amava? Quando praticava algum esporte, ou assistia TV? Parecia tão abstrato, tão profundamente filosófico... E aí alguém chegava e me dizia que eu não sabia amar.
        - Você não sabe amar.
        Uma mulher estranha parou a minha frente, vestindo uma espécie de túnica roxa, trazendo um pentagrama enorme no peito. Meus olhar era assustado, guardei a carta imediatamente, quem era ela pra ler aquilo? Fui me levantando e saindo sem nem olhar para trás. Tive meu pulso preso e me virei, e observei fundo os olhos azuis dela que me diziam tudo o que eu precisava, sem um palavra ressoar.
        - Não fuja de mim.
        - Você não tem o direito de ler minha carta – falei, como uma criança dizendo o óbvio.
        - Eu não a li.
        - Mas...
        - Eu sei. Eu sou uma bruxa. Simplesmente sei que você não conhece o amor... Está escrito. Assim como está escrito que eu vou guia-lo para que o encontre.
        - Você? Quem é você?
        - Me chame de Andrasta, Aleph... Eu serei sua guia nessa jornada.
        - Como sabe meu nome?
        - Suas perguntas são meio tolas garoto... Mas enfim. Deixe-me dizer, antes que venha a meia noite: no tempo certo seu amor deve florescer. O solstício de verão trás a magia das Fadas, e no mundo em que estão você verá uma nova estação. Não tema o prejuízo, maior será o ganho do coração.
        Eu sorri, era uma recitação linda, e de algum modo meu coração palpitava mais forte e mais quente. E ela continuou:
        - São três tarefas a cumprir, e ao retornar para mim em uma roda e um dia, eu irei lhe ensinar o que não conhecia. Primeiro pratique sua melhor qualidade, então aceite seu maior defeito... Enquanto olhar para o lado da vaidade, encontrará seu pior pesadelo. Enfrente-o com honra e coragem e prove um pouco do desespero. Quando sentir o medo do amor, então o conhecerá por inteiro.
        - Eu não entendi nada... o que devo fazer?
        - Você vai saber – ela sorriu marotamente.

        Fogos de artifício. Meia noite. Olhei para o lado por um segundo e quando voltei a bruxa já não estava mais lá. E aí percebi... O mestre dos magos tinha uma aprendiz.

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