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"E o calei com um beijo. O gosto tão bem conhecido, a
forma tão entregue, em pouco tempo apreciei mais aqueles lábios que o próprio
vento a me libertar. Afastei-me para encará-lo. Ele afagou-me o rosto e
simplesmente fechei os olhos para senti-lo melhor.
- Você é a
criatura mais livre e intensa que já conheci, Katarina...
Abri os
olhos e mergulhei na profundidade com que me encarava. Sorri e lhe disse:
- E você é
minha mais bela liberdade, Enzo.
E
deitei-me no peito dele sentindo-o respirar."
Capítulo II:
Dias
depois houve uma festa em minha casa. Todos da majestosa elite local estava
presente, e não havia nada no mundo que me irritasse mais do que ter de estar
com sorrisos perpétuos no rosto e doçura na voz, como fui educada para estar
nessas ocasiões.
A noite
era perfeita, os vestidos estavam impecáveis, a comida muito bem servida e a
bebida parecia criar o efeito certo nos convidados que não se preocupavam com
nada. Saí da casa e da varanda observei a Lua quase cheia resplandecer quase em
um tom responsável pela vida alheia na Terra.
- Se sua
mãe te ver assim observando a Lua te prende por bruxaria – quase grito ao me
virar e ver meu pai rindo como um bobo com a piada tola.
Gargalhei
em seguida, batendo-lhe no peito.
- O senhor
não devia assustar-me assim, sabia?
- E você
deveria estar lá dentro me ajudando a conter as feras na sala de estar.
- Ah
pai...
Ele
sorriu, sabia que eu odiava aquilo tudo. Ele me abraçou e foi se afastando para
voltar para a sala, dizendo sem palavras que estava tudo bem. Então ouvi o
barulho de cavalos e uma carruagem. Paramos ambos, em seguida minha irmã mais velha
saiu da casa com um sorriso bobo, parecendo ansiosa. E logo reconheci quem
chegava, não foi preciso ver o cabelo loiro preso enquanto descia acompanhado
da mãe.
- Enzo! –
minha irmã gritou e correu para recebê-lo. Meu pai rolou os olhos para o entusiasmo
da jovem e começou a andar devagar na direção do jovem. Meu coração espremeu no
peito e optei por fugir e entrar em casa.
Tentei
conter o coração, tentei escapar durante a festa para o meu quarto, mas não
consegui. A cada fala dele, a cada respiração mais próxima a minha, desde o
momento em que me cumprimentou até a hora em que minha mãe me obrigou a seguir
com ele e minha irmã para a varanda enquanto esta era cortejada... Tudo me
abria uma ferida e parecia despejar todo o sangue que pouco me sustentava.
Enzo era
prometido a Sophia, minha irmã. Antes que ambos nascessem. Antes que nós dois
fôssemos nos apaixonando um pelo outro. Antes do primeiro beijo que demos
escondidos de todos os olhares curiosos. E se me perguntarem direi que antes
mesmo de existirmos já nos amávamos perdidamente.
E então
era a hora da dança no salão de festas. Trocamos olhares por quase toda a noite
e aquele sempre havia sido o nosso momento de exaltação. Dançávamos sob os
narizes de todos que nos impediam e tudo parecia bem... Até que naquele dia não
parecia bem para mim.
- Eu não
quero mais – lhe sussurrei enquanto valsávamos – não consigo mais suportar
isso.
- Katarina
– ele soou apreensivo.
- A
próxima a dançar contigo é minha irmã e eu sinto que irei me despedaçar mais um
pouco quando isso acontecer.
-
Katarina.
- Não
aguento mais Enzo eu quero...
- Fuja
comigo.
Quase
tropeço ao escutá-lo, encarei-lhe em incredulidade e logo retornei a posição,
rezando silenciosamente para que ninguém tivesse notado meu destempero.
- Fuja
comigo, hoje, agora, não vamos perder tempo...
- E pra
onde vamos? O que vamos fazer? Como vamos viver?
Ele
afastou-se num passo da dança, olhando-me profundamente e todas minhas dúvidas
foram sanadas. Havia uma urgência, uma necessidade... Ele sabia de algo que eu
não desconfiava. E então a festa fez mais sentido, a pompa... Eles iriam
noivar.
- E então?
Música parou, eu respirei fundo, acenei que
sim com a cabeça em uma atitude impulsiva e me afastei, aproveitando a
distração da música para subir ao meu quarto. Pegaria o que me era mais
importante e fugiríamos. Seja lá para onde fosse, fazer o que quer que fosse...
eu estaria com ele e ele comigo e isso era o bastante.
Se ao
menos tivéssemos conseguido fugir... tudo teria sido diferente.
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