segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Nem toda história de amor... 2


Capítulo Anterior: https://teunomeeamor.blogspot.com.br/2017/04/nem-toda-historia-de-amor-1.html

Prévia
"E o calei com um beijo. O gosto tão bem conhecido, a forma tão entregue, em pouco tempo apreciei mais aqueles lábios que o próprio vento a me libertar. Afastei-me para encará-lo. Ele afagou-me o rosto e simplesmente fechei os olhos para senti-lo melhor.
        - Você é a criatura mais livre e intensa que já conheci, Katarina...
        Abri os olhos e mergulhei na profundidade com que me encarava. Sorri e lhe disse:
        - E você é minha mais bela liberdade, Enzo.

        E deitei-me no peito dele sentindo-o respirar."


Capítulo II:

        Dias depois houve uma festa em minha casa. Todos da majestosa elite local estava presente, e não havia nada no mundo que me irritasse mais do que ter de estar com sorrisos perpétuos no rosto e doçura na voz, como fui educada para estar nessas ocasiões.
        A noite era perfeita, os vestidos estavam impecáveis, a comida muito bem servida e a bebida parecia criar o efeito certo nos convidados que não se preocupavam com nada. Saí da casa e da varanda observei a Lua quase cheia resplandecer quase em um tom responsável pela vida alheia na Terra.
        - Se sua mãe te ver assim observando a Lua te prende por bruxaria – quase grito ao me virar e ver meu pai rindo como um bobo com a piada tola.
        Gargalhei em seguida, batendo-lhe no peito.
        - O senhor não devia assustar-me assim, sabia?
        - E você deveria estar lá dentro me ajudando a conter as feras na sala de estar.
        - Ah pai...
        Ele sorriu, sabia que eu odiava aquilo tudo. Ele me abraçou e foi se afastando para voltar para a sala, dizendo sem palavras que estava tudo bem. Então ouvi o barulho de cavalos e uma carruagem. Paramos ambos, em seguida minha irmã mais velha saiu da casa com um sorriso bobo, parecendo ansiosa. E logo reconheci quem chegava, não foi preciso ver o cabelo loiro preso enquanto descia acompanhado da mãe.
        - Enzo! – minha irmã gritou e correu para recebê-lo. Meu pai rolou os olhos para o entusiasmo da jovem e começou a andar devagar na direção do jovem. Meu coração espremeu no peito e optei por fugir e entrar em casa.
        Tentei conter o coração, tentei escapar durante a festa para o meu quarto, mas não consegui. A cada fala dele, a cada respiração mais próxima a minha, desde o momento em que me cumprimentou até a hora em que minha mãe me obrigou a seguir com ele e minha irmã para a varanda enquanto esta era cortejada... Tudo me abria uma ferida e parecia despejar todo o sangue que pouco me sustentava.
        Enzo era prometido a Sophia, minha irmã. Antes que ambos nascessem. Antes que nós dois fôssemos nos apaixonando um pelo outro. Antes do primeiro beijo que demos escondidos de todos os olhares curiosos. E se me perguntarem direi que antes mesmo de existirmos já nos amávamos perdidamente.
        E então era a hora da dança no salão de festas. Trocamos olhares por quase toda a noite e aquele sempre havia sido o nosso momento de exaltação. Dançávamos sob os narizes de todos que nos impediam e tudo parecia bem... Até que naquele dia não parecia bem para mim.
        - Eu não quero mais – lhe sussurrei enquanto valsávamos – não consigo mais suportar isso.
        - Katarina – ele soou apreensivo.
        - A próxima a dançar contigo é minha irmã e eu sinto que irei me despedaçar mais um pouco quando isso acontecer.
        - Katarina.
        - Não aguento mais Enzo eu quero...
        - Fuja comigo.
        Quase tropeço ao escutá-lo, encarei-lhe em incredulidade e logo retornei a posição, rezando silenciosamente para que ninguém tivesse notado meu destempero.
        - Fuja comigo, hoje, agora, não vamos perder tempo...
        - E pra onde vamos? O que vamos fazer? Como vamos viver?
        Ele afastou-se num passo da dança, olhando-me profundamente e todas minhas dúvidas foram sanadas. Havia uma urgência, uma necessidade... Ele sabia de algo que eu não desconfiava. E então a festa fez mais sentido, a pompa... Eles iriam noivar.
        - E então?
         Música parou, eu respirei fundo, acenei que sim com a cabeça em uma atitude impulsiva e me afastei, aproveitando a distração da música para subir ao meu quarto. Pegaria o que me era mais importante e fugiríamos. Seja lá para onde fosse, fazer o que quer que fosse... eu estaria com ele e ele comigo e isso era o bastante.

        Se ao menos tivéssemos conseguido fugir... tudo teria sido diferente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário