segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Provavelmente sobre como salvamos o universo, ou não. 3


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        "Um barulho mais alto, escutamos cavalos ao longe, o olhar dela ansioso demonstrava o medo que sentia. Minha boca seca, algo em nós três despertou, nossa intuição prevendo que o destino havia nos levado para salvá-la.  Ela nos respondeu, carregando o olhar com uma verdade profunda e inegável:
        - Eu sou o Tempo."


Capítulo III: Por onde [não] andei.


        Corremos desesperadamente. Estavam perseguindo o próprio Tempo (ou a própria, no caso) e cabia a nós três protege-la e ajuda-la a entregar uma chave misteriosa. Segunda a garota teríamos pouco menos de duas horas e tudo isso me deixava ainda um pouco mais desesperado.
        E tinha outra coisa me incomodando, além dos galhos que quase cortavam meus braços, e os bichos esquisitos pelos quais passávamos. A Tempo me incomodava. Não era bem ela... Mas sim... O que eu sentia quando olhava para ela. Parecia que o chão não existia, e que eu tinha que cuidar dela e... Eu não sei, era como se eu estivesse adoecendo ou algo do tipo.
        Descemos uma encosta e encontramos uma casa pequena e bastante aconchegante à primeira vista. A Tempo nos disse que um grande amigo morava ali, e decidimos pedir ajuda à ele.
        Entramos e fomos recepcionados por um homem alto, loiro, e dois cachorros enormes. Ele se apresentou com um nome estranho e nos ofereceu chá. Pediu para conversar a sós com a Tempo, o que eu estranhei, mas ela o seguiu para um escritório.
        - Não to gostando disso – disse Mia, se aproximando da cortina e olhando pela janela.
        - Será que ela pode realmente nos ajudar? – Matheus falou se recostando na parede oposta.
        - Não to falando disso... Algo aqui me cheira mal – Mia sussurrou.
        E ouvimos os cachorros começarem a latir desesperadamente. Nos entreolhamos e ficamos mais próximos, esperando qualquer movimento estranho. Latidos desesperados nunca eram bom sinal.
        Foi quando a Tempo entrou pela porta da frente, assanhada, com os olhos assustados. Olhamos para a porta do “escritório”, intacta. Então ela fez um gesto com a mão para que a seguíssemos e voltamos a correr.
        Pelo que entendemos o carinha “amigo dela” tentou sequestra-la, mas ela o fez desmaiar e fugiu. O que até então não havíamos entendido era do que fugíamos, e para onde iríamos... Mas quem é que sabia na verdade?
        - O que nós temos que fazer? – Mia gritou, o desespero claro nos olhos.
        - Eu preciso entregar essa chave e... – a Tempo respondeu em meio a correria.
        - Por qual motivo? Que raios de chave é essa?
        A Tempo parou, suspirou e nos olhou. Ela ia começar a explicar quando sete homens nos cercaram, montados em cavalos brancos e trajando armaduras douradas.
        - Finalmente te encontrei, menina. – disse um que parecia o líder deles.
        E com um suspiro pesaroso a Tempo me puxou em um beijo e desaparecemos em meio a uma tão luz prateada quanto a da Lua.

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