Capítulo I (Anterior): https://teunomeeamor.blogspot.com.br/2016/12/talvez-o-amor-seja-um-tipo-de-comida-1.html
Capítulo
II – Quem sabe o amor não é vinho?
Bem,
depois do ano novo e da loucura com a tal bruxa, parti em uma viagem de “férias”.
Fiz um caminho poético pelo Brasil, desbravando cidades pequenas no interior do
Nordeste. Descobri pessoas interessantes, conheci novas religiões, ainda que
não fosse religioso. Sabiam que algumas cidades inclusive existem lendas sobre
ciganos? Pois é...
Mas não me
contentei. Algo me chamava, gritava por mim. Ao retornar para o trabalho passei
meses remoendo essa necessidade, até que fui demitido por cortes no orçamento
da empresa. Estava preocupado? Não. Peguei parte da rescisão e fugi... Fui para
um lugar que gostaria muito de conhecer: Gramado.
Encontrei
uma pousada formidável, com cheiro de lavanda, e me deslumbrei com a maciez
dos lençóis. A cidade parecia um jardim gigantesco, repleto de cores e
sensações térmicas exageradas. Fazia frio, e ao mesmo tempo era aconchegante
andar com casacos e jaquetas, sem medo ou preocupações.
Me dei
duas semanas. Eu merecia duas semanas longe de tudo, com meus projetos pessoais
rodopiando a minha frente, sem medo de ter meus sonhos descobertos.
Foi num
desses passeios aleatórios, em uma vinícola, entre uma taça de vinho e outra
que conheci Mira. Ela era um pouco mais nova que eu, com seus cabelos roxos e
azuis, e parecia sorrir para o vento facilmente. Era meu exato oposto.
A convidei
para comer algo na cidade, um jantar. Ela negou, mas me fez outra proposta. Sendo
assim na manhã seguinte nos encontramos em frente a um lago lindo, com direito
a pedalinhos e pessoas sorrindo.
- Obrigado
por vir – ela disse.
- Eu que
agradeço sua companhia, estava ficando meio solitário aqui.
Andamos
por um tempo, conversando e entendendo o que cada um buscava ali. Mira
procurava esquecer um amor passado, eu buscava saber se existia amor no futuro.
Contei a ela sobre a profecia da bruxa, e entre risos agradáveis a garota me
perguntou:
- E então,
qual sua melhor qualidade?
- Er... –
pensei bem – acredito que a coragem, eu me lanço quando quero algo.
- E o
maior defeito?
Paramos,
um olhando para o outro. Meu maior defeito era a imensidão que eu guardava em
mim, e só pra mim. Gostava de caminhar só, gostava de guardar minhas lembranças
em caixinhas minhas, era feliz em mim mesmo.
- Acho
que... acho que eu gosto de fazer o que quero sem pensar em ninguém.
Ela me
sorriu, e continuamos caminhando lado a lado, guardados em nossas
introspecções. Então o meu telefone tocou, atendi sem pensar e tudo que
consegui distinguir foi: sua mãe está muito doente. Foi o bastante. Adeus Mira,
há algo mais que preciso fazer.
E assim
retornei para meu mundo.
Se eu fosse distinguir o amor que tenho por tudo, vida, amigos, familia, com o nome de uma bebida. Essa bebida seria uma cachaça nordestina, de tão intensa que é o sabor e o mesmo tempo com alguns amargos que carreguei na vida
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