segunda-feira, 13 de março de 2017

Senti sua falta.2


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        “Ao abrir a porta dei de cara com um cachorro enorme, branco, que pulou em mim tentando me lamber. Gargalhei, larguei minhas coisas no sofá e comecei a correr com ele pela sala, brincando e sentindo todo o amor incondicional que me era ofertado.
        - Ele sentiu sua falta – Matheus sussurrou.
        Eu o encarei profundamente. Meu coração disparando. Minha boca secando. E disse:
        - E eu senti a falta dele. – “e a sua” completei mentalmente.
        E assim estava de volta para minha cidade que agora já não era a mesma, e tão pouco eu. “


        Capítulo II: Respirando sobre as lembranças.

        - Onde está a tia Marta? – perguntei e ele me guiou para o quintal.
        Tia Marta, como eu a chamava carinhosamente, estendia a roupa no final do quintal, quando me viu e o rosto se encheu de luz. Corri para abraça-la com o Noah (o cachorro branco do Matheus) em correndo em círculos ao meu redor. Meu amigo ficou parado, nos fitando de longe.
        - Menino mal criado, como teve coragem de sumir assim? – ela disse em tom de brincadeira, puxando levemente minha orelha.
        - A senhora sentiu minha falta? – perguntei com um sorriso largo.
        - Claro! Como não iria sentir?
        - Lucas! – Ouvi Matheus gritando por mim.
        - Vai lá, que ele também sentiu sua falta – ela disse piscando marotamente para mim.
        - Não mais que o Noah – eu falei rindo.
        - Não mais que o Noah, com certeza! – e gargalho suavemente, enquanto eu me afastava.
        Tia Marta era definitivamente minha maior shipper com o Matheus. Subi as escadas junto ao meu amigo, e entramos em seu quarto. Sentei na cama e ele numa cadeira próxima ao computador. Em poucos segundos estava confortável, como em minha própria casa.
        Pegamos as rosquinhas e o suco e ficamos conversando sobre tudo. Contei-lhe acerca das cidades que visitei e de como foi minha estadia na última cidade em que me estabilizei. Itapajé era pequena e aconchegante, com um clima agradável na maior parte do tempo. Havia serra por perto e conheci pessoas que me mostraram com simplicidade a cultivar algumas plantas.
        - E você? O que tem de novo pra contar? – perguntei com a boca cheia de canela e açúcar.
        - Aqui ta no de sempre... A faculdade um tédio, a Katarina continua me atazanando pra saber o teu telefone...
        Eu ri bastante. Ele me pôs a par das peripécias da graduação. Alguns professores continuavam a ser insuportáveis, outros pareciam ter mudado bastante pelo o que me falava. E então algo me passou a mente e perguntei:
        - Tudo continua igual?
        Ele me olhou, baixou o olhar, engoliu em seco. Sabia qual pergunta implícita estava contida ali. Então respirou fundo e respondeu de uma vez só:
        - Voltei com o Daniel.
        Minha vez de engolir em seco. Matheus começou a falar sem parar coisas que pra mim pouco importavam. Ele dizia que o ex havia dito que mudou e estava querendo dar o melhor de si. Daniel foi um dos motivos de eu ter sumido. Não aguentava mais ver as marcas roxas nos braços do meu amigo e não poder fazer nada.
        - Não vai falar nada? – ele me perguntou com uma cara de desamparado.
        O tempo pareceu parar. Me levantei calmamente, prendi a respiração, caminhei até ele. Matheus me olhava perdido, sem entender. Segurei-lhe o rosto com ambas as mãos, me aproximei devagar, e senti a textura dos lábios dele com os meus. Eram doces, sensíveis e macios.
        - Eu não vou deixar – falei, com a voz rouca, afastando o rosto do dele – essa é a minha nova vida. Eu não vou deixar um idiota como aquele estraga-la.
        - Do que você...

        Ele tentou falar, mas o interrompi com mais um beijo. Daquela vez e não apenas daquela vez eu o fiz sentir através de um gesto todo o amor que tinha.

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