Talvez
você não saiba, mas eu sou a Rainha dos Deuses. Não me diminua, não me torne
apenas a esposa traída de Zeus, a vingativa Senhora dos Ciúmes. Não sou isso, e
ainda que os homens queiram se apropriar do meu Poder, e à Mulher que ele
pertence. Minha força, minha divindade, minha totalidade é feminina, e sendo o
ciclo eterno da geração da vida, sou ainda maior que o que suas poucas palavras
são capazes de definir.
Humanos
criam Deuses por essa ser a forma como conseguem compreender minimamente o
divino. Ou então nós Deuses que criamos humanos, pois essa é nossa forma de entender
minimamente a vida. Esse ciclo contínuo de criação, destruição e reconstrução faz parte do meu Poder, é a dinâmica valsa da
vida que se refaz e refaz e refaz... Contínuas vezes, em infinitos movimentos.
Certo dia
uma Deusa me visitou. Freya, era o nome Dela. Poderosa, guerreira, sua magia
fez estremecer até os pilares de meu palácio. Nórdica, trouxe um espelho de
presente e um colar de pedras preciosas, pedindo-me apenas uma coisa: que lhe
contasse a verdade sobre a história por trás do meu matrimônio.
Disse-lhe
que Zeus era um Deus poderoso e que havia me conquistado em uma guerra, e em um
mundo perfeito ele seria fiel e leal a mim. Mas isso não acontecia, pois a
força Dele o cegava e assim era desleal, pois além de me trair, mentia,
usurpava o que era meu por lei e tornava-me a louca perante os humanos.
Contei-lhe
que certa vez o vi me traindo com uma jovem ninfa da corte de Artémis, um das
filhas bastardas dele. Calisto era o nome. Não foi por fúria, ou meramente
vingança, mas para que todos compreendessem que meus poderes iam muito além dos
limites humanos, e mostrei a Artémis o que acontecia. Enciumada a Deusa
transformou-a em um urso.
A Ninfa foi caçada, com
medo, e apiedei-me no momento em que o próprio filho a tentava matar.
Transformei-lhes em constelações para que vivessem eternamente e ninguém
esquecesse do que eu era capaz de fazer contra aqueles que se colocassem contra
mim.
- Mas e Zeus?
Perguntou-me Freya.
Respirei profundamente, e lhe respondi com honestidade:
- Em um mundo onde homens
são cruéis matadores e dominadores, como eu poderia me indispor sem perder tudo
o que tenho?
- Então você aceita?
- Não... Mas vou lhe
perguntar mais uma vez: como eu poderia me indispor sem perder tudo o que
tenho?
E no ar pairou a resposta.
Zeus estava sumido do mundo humano, e não era por tornar-se um Deus obsoleto.
Era por que a esposa dele mostrava aos homens a verdadeira face das mulheres...
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