Não é
que eu não soubesse o que falar, naquele exato instante. O problema
definitivamente não era esse. As palavras, ainda que retumbassem em meu
coração, simplesmente se confundiam com as grossas lágrimas que percorriam o
caminho até minha boca entreaberta. Cada gota trazia uma história, um conto,
uma esperança.
Nós somos
aquelas que foram sacrificadas pela história. Em fogueiras, enlouquecendo
encarceradas, enforcadas. Somos uma etnia, uma raça, um povo e um dom. Somos
homens e mulheres, crianças e idosos, perpassamos a vida com nossa faca de dois
gumes e nos ferimos para poder salvar nossos amados. Somos bruxas e bruxos.
Fazemos
magia sim. Sabemos segredos difíceis como aceitar nossos próprios defeitos.
Compartilhamos de água e vinho com nossos entes queridos. Caímos em tentação.
Somos a tentação. Somos bruxas e bruxos.
Liberdade,
aqui estou eu. E era isso que eu queria falar ante a imagem dos Antigos Deuses,
quando me faltou voz: ainda que eles nos machuquem, sobrevivemos, pois somos
bruxas e bruxos, somos imagens da Deusa e do Deus.
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